30 de mar. de 2013

Bates Motel: Review 1x01 “First You Dream, Then You Die”


Quando você lê a sinopse de Bates Motel, pode até pensar “Ah, mais uma série de suspense!”, mas não julgue com tanta pressa. É sim, uma série tensa, que já carrega a responsabilidade de fazer jus ao filme de Hitchcock, “Psicose”. Mas não é uma série que passará despercebida, já podemos afirmar só de assistir ao piloto.

Ao contrário do filme, Bates Motel claramente se passa no presente, mas traz inúmeras referências ao filme, como uma forma de homenageá-lo e, também, uma maneira dos roteiristas mostrarem que respeitam a obra de Alfred Hitchcock. Desde o figurino de Norma Bates (Vera Farmiga), até a ambientação noir da cidadezinha para onde se mudam, passando pela incrível semelhança do motel com o do filme e a placa de identificação do estabelecimento, podemos notar que pequenos detalhes como esses farão a alegria dos fãs da obra.

O piloto manteve, durante toda sua duração, uma qualidade muito alta, sendo muito bem sustentado pelos seus protagonistas, Norma e Norman Bates (interpretado por – pasmem, já adulto! – Freddie Highmore). Já de início, somos surpreendidos com a morte do pai de Norman, morte essa que nos faz pensar na possibilidade de homicídio apenas pela tensão da cena e a sutileza da reação de Norma. Após o acontecimento, Norma decide comprar um motel numa pequena cidade, uma forma de “recomeçar”, como ela diz. Mas, como aprendemos no decorrer do episódio, ainda há muito do que se fugir e muito com o que se lutar. Aprendemos que Norman não é o único filho de Norma, quando ela recebe uma ligação de Dylan, o mais velho. Uma ligação que mostra tanto o desinteresse de Norma quanto o ódio de Dylan por ela. Vamos esperar para descobrir porquê Norman é o favorito e como ele se relaciona com seu irmão, aposto que não é uma relação amigável.

Apesar de sua timidez, Norman possui um misto de fascínio (Ou seria tensão sexual? Atração por Norma?) e raiva por sua mãe. Essa, por sua vez, demonstra sua dependência e necessidade de proteger seu filho, o que beira ao ciúme e à possessão, como quando uma professora da escola sugere a ele que entre numa prática esportiva na escola, para socializar e tentar se envolver com o local, apesar de se mudar tanto. Percebemos o quanto Norman se sente desconfortável com outras mulheres prestando atenção nele, será um sentimento de culpa, por não ser Norma? E Norma, por sua vez, faz com que isso se torne sobre ela, mostrando sua influência sobre o filho, apelando para a culpa e até mesmo para seu charme. Uma relação claramente... atípica, digamos. Não julgarei antes de ver mais episódios. ;)

Após conhecer um grupo de garotas da região, Norman é convidado para “estudar” (= ir a uma festa). Norma, instintivamente, responde não ao convite, falando em nome de Norman. Novamente, percebemos uma espécie de tensão entre os dois mas, pela primeira vez no episódio, um princípio de rebelião partindo do filho que não aceita ter que escolher a mãe. E esse primeiro ato de revolta cresce em Norman, fazendo-o fugir pela janela do quarto para “estudar”, o que ele descobre ser uma festa quando já fugiu. Apesar de tímido, Norman está interessado em uma das garotas da escola e, por um momento, se esquece de Norma.

Ao sair de casa e deixar Norma sozinha, o antigo dono do hotel, que perdeu a propriedade para o banco, invade a casa principal, após ter ameaçado Norma no mesmo dia. Enquanto violenta (sim, você leu certo, tudo isso acontece no PRIMEIRO EPISÓDIO, muito ousado!) Norma na cozinha, é surpreendido e impedido por Norman, que não ficou até o fim da festa, voltando para casa. Assim, ele liberta Norma, que está algemada à mesa da cozinha, e ambos rendem o agressor. Norman foi pegar o kit de primeiros socorros e, quando o agressor acorda, não perde a chance de provoca-la, falando que ela gostou. Uma faca perto, raiva, nojo... claro que ela o esfaqueou até a morte. Como espectadora, me senti realizada com ela esfaqueando-o, mas também me pergunto: quando ela agiu assim também? Talvez com o falecido senhor Bates? Veremos.

Com a desculpa de que ninguém virá pro motel se descobrirem que houve um assassinato, ela decide encobrir o crime e, logo em seguida, já o interroga sobre onde ele estava. Ao falar da festa e se desesperar com o crime, há um momento de união entre os dois. União essa que se segue por várias cenas, enquanto levam o cadáver até um dos quartos, escondendo-o na banheira de um deles. Ao sujar o carpete de sangue, decidem trocar todos os carpetes dos quartos quando uma patrulha policial aparece no local, procurando pelo agressor, que é um habitante antigo. Apesar de não acontecer nada, somos apresentados ao xerife e ao delegado.

Após uma noite trágica, Norman chega a passar mal na escola, sendo socorrido e surpreendido por Emma Decody, uma aluna com fibrose cística que lhe oferece um remédio. Acredito que devemos esperar por mais aparições de Emma.

Norma, no mesmo dia, descobre que uma nova estrada principal será construída e passará bem longe do motel. E conta para Norman enquanto estão, de noite, num barco, no meio de um rio, para jogar o cadáver do agressor. Ela mesma fala que é uma péssima mãe, fazendo o filho se sujeitar àquilo. Claro que Norman discorda, e se declara para a mãe, citando Jane Eyre. E, assim, percebemos que, até nessa situação, como ele mesmo diz: “Sempre foi eu e você. Pertencemos um ao outro.”... e aposto que veremos mais acontecimentos em que essa frase faça sentido.



O jeito agora é ver o segundo episódio e esperar que continue com a mesma qualidade do piloto. Foi muito bem filmado, interpretado e cuidadosamente feito pela equipe do canal A&E; o leque de possibilidades que esse piloto abriu aos roteiristas foi extenso, esperemos que eles saibam aproveitar.

PS.: Norman encontra um caderno com desenhos macabros quando retira um carpete de um dos quartos. E a última cena mostra que esses desenhos são de crimes reais. O que será que nos aguarda? Com certeza vou conferir. ;)